Para o ano letivo de 2021/2022, propomos o tema “A Terra, a nossa única casa no Universo”, com base no documento “Grandes Ideias em Astronomia: Uma Proposta de Definição de Literacia em Astronomia”. Este documento resulta de um projeto internacional do Gabinete de Astronomia para a Educação da União Astronómica Internacional (OAE – IAU), e que o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) lidera, juntamente com a Universidade de Leiden.
Com este tema, pretendemos explorar as características únicas do nosso planeta, o único local do Universo onde conhecemos vida e no qual poderíamos habitar sem recurso a tecnologia. Ao reconhecermos o caráter especial e único (até hoje) da Terra, quando comparado com outros astros, reconhecemos também a sua fragilidade e as múltiplas ameaças ao seu equilíbrio, muitas delas com origem humana, e que, paradoxalmente, colocam em causa a nossa sobrevivência e a de outras espécies.
Sugerimos que cada grupo de trabalho desenvolva o seu projeto explorando uma das sete ideias apresentadas abaixo, e que têm por base a afirmação “Temos de preservar a Terra, a nossa única casa no Universo”.
Tema: A Terra, a nossa única casa no Universo
Temos de preservar a Terra, a nossa única casa no Universo.
1. A poluição luminosa afeta os seres humanos, muitos outros animais e plantas
Durante milhões de anos, a vida na Terra desenvolveu-se na ausência de luz artificial, com a maioria das espécies a adaptarem-se a atividades diurnas ou noturnas. Desde a invenção da eletricidade, os seres humanos têm reduzido cada vez mais a escuridão noturna com luzes artificiais, causando sérios problemas de poluição luminosa, que têm implicações para o ambiente da Terra, comportamento animal e saúde humana. A maioria das populações animais depende de padrões diurnos e noturnos. Da fisiologia e reprodução, à orientação e predação, a luz artificial pode perturbar populações selvagens por todo o globo. Estamos também a perder os céus escuros de que os nossos antepassados desfrutavam. Em muitos ambientes urbanos e suburbanos, a Via Láctea é agora impossível de observar à noite.
2. Existem muitos detritos de origem humana a orbitar a Terra
Com o desenvolvimento da tecnologia espacial, a humanidade tem sido capaz de enviar numerosos objetos para o Espaço, usando foguetões. Desde o início da era da exploração espacial, a quantidade de detritos de origem humana no Espaço, como pedaços de foguetões e satélites antigos, aumentou dramaticamente. Atualmente, estima-se que haja 500 000 pedaços de detritos, também chamados lixo espacial, a orbitar a Terra. Como o lixo espacial viaja a grandes velocidades, uma colisão com uma nave espacial ou satélite pode causar sérios danos. Isto é particularmente arriscado para a Estação Espacial Internacional e outras naves tripuladas. A monitorização dos detritos espaciais e o desenvolvimento de tecnologia para recolher satélites e detritos é uma área ativa de investigação e desenvolvimento.
3. Monitorizamos objetos espaciais potencialmente perigosos
Durante os estágios iniciais da formação do Sistema Solar, os planetas recém-formados eram frequentemente atingidos por pequenos corpos, como asteroides. Algumas crateras na superfície da Terra e todas as observadas na Lua são evidência direta de que esses impactos podem ser muito perigosos. Embora ainda seja um tópico de investigação e debate, pensa-se que a extinção dos dinossauros não voadores e de um grande número de outras espécies poderá ter sido devida ao impacto de um grande asteroide com a Terra, há aproximadamente 65 milhões de anos. Apesar de a probabilidade de um impacto desta magnitude ser muito baixa atualmente, é importante monitorizar todos os objetos celestes que se podem tornar ameaças potenciais para a vida na Terra. Dentro dos próximos anos, programas de monitorização de agências espaciais, observatórios e outras instituições deverão ser capazes de identificar todos os asteroides potencialmente perigosos com o tamanho de um quilómetro ou mais. Nenhum dos asteroides conhecidos está atualmente em rota de colisão com a Terra.
4. Os seres humanos têm um impacto significativo no ambiente da Terra
A industrialização trouxe inúmeras vantagens à sociedade, mas também criou diversos problemas ambientais na Terra. Através da desflorestação e da poluição dos rios, oceanos e atmosfera, estamos a danificar fontes vitais de ar puro, comida e água, necessários para a vida na Terra. A humanidade já causou a extinção de numerosas espécies e continua a escavar por minerais e recursos energéticos em ambientes em perigo. As alterações climáticas induzidas pelos humanos (aquecimento global) estão a afetar o nosso ambiente a larga escala, colocando-nos a nós e muitas outras espécies em risco.
5. O clima e a atmosfera são fortemente afetados pela atividade humana
Sem a sua atmosfera, o nosso planeta seria um mundo gelado com uma temperatura média de 18 graus Celsius negativos. Contudo, os gases de efeito de estufa da atmosfera absorvem parcialmente a radiação térmica que emana do solo e irradiam-na de volta para a superfície terrestre, tornando a Terra habitável. A atividade humana tem aumentado drasticamente os níveis dos principais gases de efeito de estufa na atmosfera, criando um desequilíbrio no balanço energético da Terra. O aumento destes gases tem feito com que mais energia fique retida na Terra, aumentando as temperaturas médias. A Terra é incapaz de irradiar para o Espaço o excesso de energia através dos seus processos naturais, alterando-se assim os padrões climáticos globais, que são sensíveis aos desequilíbrios energéticos.
6. É necessária uma perspetiva global para preservar o nosso planeta
Cada pessoa é um habitante deste planeta. Os conceitos de gestão e responsabilidade globais podem ajudar-nos a compreender que todos podemos agir, como parte de um grupo ou individualmente, para ajudar a resolver problemas globais. É necessário preservar a Terra para os nossos descendentes. Por agora, a Terra é o único planeta no Universo que sabemos com certeza que pode sustentar vida.
7. A astronomia dá-nos uma perspetiva cosmológica única que reforça a nossa unidade enquanto cidadãos da Terra
Todos os seres humanos na Terra vivem sob um mesmo céu, e partilham a mesma vista sobre as profundidades do Cosmos. Imagens do Espaço que mostram o “berlinde azul” do planeta Terra forneceram-nos uma compreensão mais profunda da nossa nave espacial comum. Vistas de fora, as fronteiras entre países desaparecem por completo. Imagens tiradas por naves espaciais, como a Voyager 2 ou a Cassini, ajudam-nos a reconhecer que o “pálido ponto azul” é um mero grão na vastidão do Universo.
Recursos sugeridos
Livros incluídos no Plano Nacional de Leitura para o Espaço
Sites:
Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço
Universe Awareness (em inglês)
ESA Kids (em inglês)
Observatório Europeu do Sul (ESO)
Agência Espacial Europeia (ESA)
Agência Espacial Norte-Americana (NASA) (em inglês)
NASA Solar System Exploration (em inglês)
Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC) (em espanhol)
Publicações (em inglês):
The Conversation: Astrophysics and Astronomy
Communicating Astronomy with the Public (CAP)
Filmes:
Vídeos e Vodcasts:
Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço – canal de YouTube
Explorar o Universo – Viver fora da Terra | Festival Antena 2
ESOCast (em inglês)
Podem ser encontrados mais recursos no site de divulgação do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço em particular na seguinte página: https://bit.ly/2HItORM